Marcola, Fernandinho Beira-Mar e José Dirceu:
chefes continuam no comando.
O ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu prefere agora cumprir a pena de prisão em Brasília, e não mais em São
Paulo. Se retornar à capital paulista, ele teme enfrentar o que chama de
"ira" do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) contra o PT, com provável
transferência para o regime fechado, por falta de vagas no semiaberto.
"Temos que enfrentar isso de
cabeça erguida e eu quero trabalhar", disse Dirceu, na tarde desta
terça-feira. "Não há por que se envergonhar, não há por que baixar a
cabeça. Temos que continuar fazendo política."
Apesar da frase otimista, o
ex-poderoso chefe da Casa Civil do governo Lula oscila momentos de esperança
com raiva e abatimento. Não raro se queixa do abandono por parte de quem
considerava amigo e diz estar vivendo um "calvário".
Dirceu está no Centro de
Internamento e Reeducação, que fica no Complexo Penitenciário da Papuda, em
Brasília, dividindo uma cela com companheiros de partido, como o ex-presidente
do PT José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares, além do ex-deputado do PTB
Romeu Queiroz e de Jacinto Lamas, ex-secretário de Finanças do antigo PL (atual
PR).
"Dei graças a Deus que meu
pai decidiu ficar em Brasília", contou o deputado Zeca Dirceu (PT-PR),
filho do ex-ministro. "Estamos vivendo uma situação difícil, sofrida,
muito triste. Mas meu pai é guerreiro e vai lutar até o fim."
Condenado pelo Supremo Tribunal
Federal a dez anos e dez meses de prisão por corrupção ativa e formação de
quadrilha, Dirceu ainda aguarda julgamento de recurso para tentar reduzir sua
pena. Enquanto o embargo está pendente, ele começou a cumprir a sentença no
regime semiaberto.
"Assim como os militares
achavam que a carreira do meu pai estava liquidada quando o expulsaram do
Brasil, na ditadura, hoje quem aposta que a vida política dele acabou está
redondamente enganado", afirmou Zeca.
Embora Dirceu tenha divergências
com a presidente Dilma Rousseff - que nunca o defendeu publicamente durante o
processo do mensalão -, Zeca diz que o pai não deixará de discutir os rumos do
governo e do PT.
"Quem acha que ele está fora do jogo e que não vai mais
influenciar a política do Brasil vai quebrar a cara"...
Fonte: Estadão
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