Ciente das dificuldades de barrar a abertura da CPI da Petrobras, a base governista no Senado conseguiu ontem adiar o início das investigações e abriu caminho para a instalação de uma CPI “combo”, que atingiria também a oposição. Em manobra acertada com o Palácio do Planalto, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), rejeitou recursos que questionavam o alcance das apurações, mas deixou a palavra final para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Se a decisão de Renan for confirmada, a investigação também terá como foco o cartel do metrô em São Paulo e irregularidades no Porto de Suape, em Pernambuco, denúncias que atingem adversários da presidente Dilma Rousseff na campanha ao Planalto. “Não são duas CPIs. É apenas uma CPI acrescida por outro fato determinado”, disse Renan.
A intenção do governo é atrasar ao máximo a instalação da CPI, caso não seja possível barrá-la. A aposta é que as denúncias envolvendo a Petrobras vão perder fôlego e que nos próximos meses, com a Copa e o início efetivo da campanha eleitoral, a CPI ficará deserta. Renan atuou em sintonia com o Planalto. Na noite de ontem, o peemedebista conversou com Dilma. Ontem, discutiu com os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e das Minas e Energia, Edison Lobão, a estratégia para adiar a CPI, com respaldo das bancadas do PT e do PMDB.
A oposição chamou a operação de “manobra”. O pré-candidato do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal para garantir o direito da oposição de fazer a CPI. “Vamos deixar de hipocrisia. A manobra da senadora Gleisi (Hoffmann, do PT do Paraná), ou por ela comandada, serve única e exclusivamente aos interesses do Palácio do Planalto. Submete essa Casa a uma sessão vergonhosa.
Gleisi rebateu: “Manobra, essa palavra é muito forte. Estamos fazendo um debate político com base no regimento, nas disposições constitucionais e na legislação deste País”.
Fonte: Tribuna do Norte
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