Graça entre professores e técnicos administrativos dos Institutos Federais do Rio Grande do Norte, com uma boa mãozinha dos respectivos sindicatos, uma resistência ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) bastante similar àquela nutrida pelos médicos em relação ao “Mais Médicos”. Em que pese o verniz de esquerda, com o emprego do desgastado linguajar mais ortodoxo marxista, o fim é o mesmo – a defesa “do meu” ao completo arrepio das necessidades dos brasileiros.
Professores e técnicos administrativos do IFRN, pautados por interesses corporativistas, recusam o Pronatec
Segundo a tese defendida nos IFs contra o Pronatec, o programa seria uma forma do governo federal desvalorizar o ensino técnico e profissionalizante no Brasil, oferecendo cursos de baixa especialização para atender o reposicionamento dos cidadãos em postos precários. Esta, coloquemos assim, percepção produz reações, que vão desde a crítica difusa, até a organização de movimentos para que determinada unidade do IFRN não se constitua como fomentadora dos cursos. Vale, antes de qualquer discussão, dizer para que serve, quem atende e em quais contextos, de fato, o programa ganha razão de ser.
O Pronatec surgiu de uma necessidade objetiva. Profissionalizar cidadãos para a melhor ocupação de atividades que já desempenham ou, através dele, formar para um novo empreendimento laborativo e recolocar o sujeito no mercado de trabalho. Possibilitar que o indivíduo reúna elementos e viva de seu próprio esforço. E todos sabemos o quanto isto é, na sociedade do trabalho, fundamental no processo de construção identitária positiva acerca de próprio eu.
Para tanto, o governo federal aproveitou a estrutura de ensino técnico-profissionalizante pública (UFs, IFs, Escolas Técnicas Estaduais, etc), escolas técnicas e universidades privadas, incentivou a criação de novas redes e promoveu uma parceria com o chamado Sistema S (Sesi, Senac, etc), braço educacional mantido pela indústria, comércio, meio rural, etc. O aluno matriculado recebe uma bolsa de custeio para locomoção e alimentação, além do material necessário (caneta, caderno, bolsa, camisa, apostila).
Há cursos técnicos de longa duração, que chegam há dois anos, e profissionalizantes de 160 horas (cerca de três meses). A tabela congrega possibilidades nas mais variadas áreas dos setores produtivos e de prestação de serviços. Cada região recebe os cursos que mais se aproximam das necessidades locais. Para isso, é feito em estudo em parceria entre a secretaria de assistência social do município e a instituição fomentadora.
O Pronatec visa qualificar pessoas que se encontram recebendo seguro desemprego, oferecer uma oportunidade educacional para os beneficiários do bolsa família e demais interessados. Está abrigado pelo guarda-chuva do Brasil sem Miséria.
Ao contrário do que o interesse corporativista deixa entrever, o Pronatec representa uma verdadeira revolução na forma como o governo federal, através de uma ousadia inclusiva, educa, oportunizando um anteparo profissional e tecnológico ímpar na história – pelo nível de abrangência e na forma como cobre capitais, regiões metropolitanas e os chamados, de uma maneira um tanto quanto preconceituosa, grotões do país. Ele chega, através da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ-UFRN), por exemplo, em Cajueiro, distrito de Touros, com a formação de cooperativismo para pescadores, que querem se organizar por essa via. O Pronatec prepara o cuidador de idoso, que, apesar da boa vontade, não tinha, antes de fazer o curso de profissionalização, o conhecimento sobre como exercer sua profissão e ganhar um melhor salário.
Os que se opõem ao Pronatec passam desconhecimento sobre duras situações. Em determinados municípios, as pessoas se deslocam até 50 quilômetros, movimentando economias locais que não as suas, porque não há, em sua região, ninguém que conserte o seu computador. E o que é igualmente legítimo – que nunca tiveram acesso a oportunidade de ganhar um diploma, símbolo de reconhecimento transclassista.
O Pronatec produz, sim, a inserção dos cidadãos em funções em consonância com o capitalismo flexível. Há cursos também para babá, pedreiro, manicure. E a escolha, neste sentido, é política: simplesmente ignorar, de modo convenientemente condenatório e esperar que essas e outras atividades sumam como num passe de mágica com o aparecimento de um novo modo de produção – o pote de ouro no fim da travessia –, ou criar às condições para que os trabalhadores desempenhem tais profissões de modo mais digno, mais valorizado. É um rumo mais desafiador do que pregar placidamente que, do dia para a noite, todo mundo ingresse numa universidade (e o esforço desse governo para ampliar o acesso ao ensino superior é inigualável), enquanto que a realidade bate brutalmente a porta de milhões de brasileiros.
O Pronatec representa a coragem daqueles que tomam parte e não ficam parados, exalando um comodismo ornado de boas intenções. Uma pena que exista nos IFs, fruto de uma carente reflexão, uma visão tão retrógrada e mesquinha contra uma política civilizatória como é a que alicerça o Pronatec.
O Blog!
O PRONATEC tem mudado a vida de muita gente, dá futuro e sobretudo esperança. Tem incentivado pais, mães e irmãos a voltarem a estudar. O Pronatec está baseado em três pilares: gratuidade, qualidade e diversidade dos cursos.
Pronatec tem contribuído para acabar com a pirâmidesocial que mantinha um grande número de excluídos em baixo e, em cima, um ínfimo grupo de privilegiados.
Fonte: O potiguar
